Em entrevisa no domingo, durante o Encontro Anual de Acionistas da Berkshire Hathaway, em Omaha, no estado do Nebraska, o megainvestidor Warren Buffett fez uma avaliação positiva da economia brasileira.
“O crescimento do Brasil é muito sólido e apesar de eu não ter a tradição de aplicar em commodities, sabemos que o país não conta apenas com isso. Tem vários investimentos fortes e está caminhando muito bem.”
Buffett citou o empresário Jorge Paulo Lemann como um dos “homens de negócios mais inteligentes do mundo”.
Ele disse se arrepender de não ter entrada em uma sociedade com ele alguns anos atrás. “Olhando pro passado, lembro de ter recebido uma oferta para investir lá (no Brasil), mas na época o preço me parecia exorbitante e não fazia muito sentido. Hoje, o país está numa situação extraordinária.”
Ainda assim, Buffett disse estar aproveitando o bom momento do Brasil. “A Coca-Cola, uma das maiores empresas da Berkshire, tem injetado muito dinheiro no país”, diz o investidor.
O vice-presidente do grupo, completou que o Brasil está “jogando com as forças que tem”, referindo-se às riquezas do país em commodities, mas ressaltou que há muitas outras fontes de divisas. “Na China, a corrupção é maior inimiga do crescimento”
Hoje as perguntas sobre o caso Dave Sokol arrefeceram e o destaque foi para os investimentos em países emergentes. Índia e China também foram apontadas como economias sólidas.
“O único problema é que a Índia não promove desenvolvimento social. Se um projeto de interesse da população é aprovado no país, leva mais de cinco anos para sair do papel. Na China isso não acontece. Em compensação, lá a corrupção ainda é enorme. É certamente uma inimiga muito mais perigosa que a inflação”, declarou Munger.
O empresário acrescentou que a economia de Hong Kong tem sido “uma ótima janela da China” e que a metalúrgica sul-coreana Posco é “tecnicamente a melhor empresa do mundo”. Apesar disso, Buffett afirmou que não planeja fazer investimentos em países em desenvolvimento porque não aplica dinheiro com base “na geografia”.
Crise na Europa
Buffett e Munger expressaram preocupação com a crise financeira na Europa. “Talvez seja ainda mais difícil que a crise americana, porque aqui não temos essas confusão de moeda única. Seria como se Brasil, Canadá, México e Estados Unidos se unissem e aí um tem que resolver o problema do outro”. Munger fez duras críticas à Grécia. “É como se eu tivesse um irmão que decidisse não trabalhar e passar o dia no clube, bebendo, usando o meu cartão de crédito. Isso não é aceitável. É uma escolha do país e tem que ser respeitada, mas ninguém precisa passar a mão na cabeça. É hora de a Europa amadurecer e endurecer”.
Sucessor
Warren Buffett, que sempre evitou o assunto, voltou a falar em sua sucessão. Disse que é “praticamente impossível” que seu substituto seja alguém de fora na Berkshire Hathaway e que o novo CEO não precisa entender especificamente de ferrovias, seguradoras ou outros negócios da empresa. “Importante é que seja um bom investidor e tenha alegria em trabalhar."
Provocado por um jornalista que perguntou se seria difícil encontrar alguém para o cargo porque ninguém gostaria de morar em Omaha, cidade natal de Buffett e sede da Berkshire, Munger respondeu: “não se trata de escolher entre Omaha e Paris. Mas entre ganhar pouco e muito dinheiro.”
Buffett declarou não acreditar que Dave Sokol seria seu substituto natural. O funcionário mais cotado para assumir o cargo pediu demissão em março após adquirir ações da petroleira Lubrizol por US$ 10 milhões e orquestrar a compra da empresa pela Berkshire. Com a valorização dos papéis da Lubrizol, Sokol teve um lucro de aproximadamente US$ 3 milhões.
Fonte: IG
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