domingo, 17 de abril de 2011

Sobre o envenenamento do jornalismo (Caso: contratação sem licitação de Luis Nassif)


Recentemente o senhor Noblat compartilhou via twitter uma notícia que tem provocado certo cansaço nos que já conhece as táticas usadas por certos jornalistas. Todas as vezes que o jornalista Luis Nassif renova o contrato com a emissora pública TV Brasil, noticia-se que essa contratação se deu sem licitação.

Em realidade o senhor Noblat sabe como ocorre essa e outras contratações (o amigo Eduardo Guimarães fez uma bela pergunta aqui: “Marília Gabriela venceu licitação para apresentar o Roda Viva? ”) mas mesmo assim nos trata como idiotas veiculando a informação, sem levar em consideração o lado daquele que está sendo o alvo nesse imbróglio todo, Luis Nassif. Menciono aqui somente Luis Nassif porque o lado do contratante (Governo por meio da EBC) supostamente é apresentado no texto.

Depois de uma pesquisa simples encontrei algumas informações que compartilho com vocês aqui. 

(Essa primeira informação foi postada no blog do Nassif porque o senhor Noblat não quis publicá-la entre os comentários relacionado ao texto escrito por jornalista do Estadão, mas, aproveitada com muito deleite pelo senhor Noblat. Vejam aqui: TV Brasil contrata blogueiro por R$ 660 mil sem licitação)

Por Gonzaga
Apesar de que alguns comentaristas tenham até conseguido postar críticas ao comportamento do Blog do Noblat que, hoje, publicou o artigo do Estadão de ontem e não deu destaque à sua resposta, já tentei, por duas vezes, fazer o comentário abaixo e fui bloqeuado:
"Esta é 2ª vez que tento comentar sobre este post. Espero que, desta vez, não seja bloqueado, porque, afinal, estou apenas querendo corrigir um "esquecimento" deste "nobre" blogueiro....
Porque será que este blogueiro tão "imparcial" está publicando hoje (24/09) um artigo que saiu ontem no Estadão e, ainda assim, se "esqueceu" de publicar a resposta do jornalista atacado, divulgada ontem mesmo no Blog do Nassif?
Se prevalecer a primeira hipótese e o "imparcial" blogueiro Noblat quiser corrigir o seu "esquecimento", aqui vai o link da resposta do Nassif:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/aos-jornalistas-rui-nogueira-e-marcelo-beraba " (logo após esse comentário, eu vou postar a resposta de Luis Nassif)

Porque, então, levando em conta a "imparcialidade" do Noblat e o fato de que já são 350 comentários neste post, o que dá idéia da sua relevância, vc não "sobe" seu post de novo e, além disso, muda o título para "Aos jornalistas Rui Nogueira, Marcelo Beraba, Ricardo Noblat e outros menos votados ..." 
Comentário
Quando analiso o estilo inaugurado por Veja há alguns anos, os ataques de para-jornalistas a jornalistas e, agora, confiro o comportamento de Noblat, Beraba e Rui Nogueira, só me resta constatar que o estilo Veja tornou-se hegemônico na velha mídia. E o preço da fidelidade às chefias tornou-se excessivo.
Passado esse furacão irracional, haverá muitas feridas para serem curadas.
Não abro para comentários porque a intenção não é provocar catarses nem vinganças.
(Abaixo vejam a resposta do jornalista Luis Nassif aos responsáveis pelo texto)

Aos jornalistas Rui Nogueira e Marcelo Beraba


Prezados Beraba e Rui Nogueira,
hoje sai essa matéria no Estadão: "Blogueiro que critica a mídia é contratado da EBC" , do repórter Leandro Cólon.
A própria matéria explica as razões de sua publicação. Segundo ela, "desde terça-feira, o jornalista tem destacado em seu blog informações em defesa do protesto contra a imprensa marcado para hoje a partir das 19 horas no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo". Foi o álibi encontrado pelo repórter Leandro Colon para vender a matéria para seus chefes.
Desde terça-feira, dos cem posts publicados pelo Blog, publiquei dois comentários de leitores sobre o evento. Sem entrar em juízo de valor e sem estimular o encontro - que, acredito, coloca mais lenha na fogueira. Acredito que a melhor crítica à mídia é desnudar os aspectos técnicos das falsas matérias. E não tenho me furtado a isso.
Mas isso é o de menos.
Primeiro, vamos ao email do repórter e aos esclarecimentos que dei:
Prezado Luis Nassif,

O Diário Oficial da União publicou no dia 20 de setembro o extrato de inexigibilidade de licitação da contratação da Dinheiro Vivo Consultoria Ltda pela Empresa Brasil de Comunicação por um valor de R$ 180 mil e vigência de seis meses. Segundo o edital, o contrato foi feito para prestação de serviços de entrevistador e comentarista para o telejornal "Repórter Brasil" e o "Programa 3 a 1".
Abaixo, seguem algumas perguntas sobre o assunto. Gostaria, se possível, que o senhor me respondesse.
- Quantos contratos a Dinheiro Vivo e o senhor têm hoje ou tiveram no passado com a EBC? Quais os valores e prazos de cada um?
Tive um contrato para produção e apresentação do programa Brasilianas que venceu em julho passado. Agora foi assinado um contrato de seis meses para participação no Repórter Brasil e no Programa 3 a 1, prevendo a remuneração de R$ 30 mil mensais.
- Quais tipos de serviços são prestados além do contrato acima citado no início desse e-mail referente ao processo 2201/2010?
Os serviços são aqueles discriminados no contrato: comentários e entrevistas no Repórter Brasil e participação no programa 3 x 1.
- Por que houve dispensa de licitação para sua contratação?
Em televisão - assim como no jornalismo em geral - há dois tipos de trabalho e de profissionais. Um, o trabalho técnico, que pode ser executado por formecedores diversos. Como, por exemplo, trabalhos de gravação, edição, audiovisual. Esse tipo de trabalho comporta licitação.
O segundo, é o trabalho intelectual e a formação de casts, pessoas com reputação em sua área e reconhecimento público, que ajudam a reforçar a cara da emissora. Nenhuma emissora pública - da TV Cultura em São Paulo a qualquer outra, estadual - procede a licitações para a contratação de comentaristas com imagem pública.
Em relação à minha área - comentários econômicos - há muitos e muitos anos fico entre os três jornalistas mais votados na categoria jornalismo de economia, mídia eletrônica - além dos prêmios que recebi como jornalista de economia da mídia impressa.
O mais importante prêmio de jornalismo do país é o Comunique-se - que teve no Estado de S. Paulo um de seus apoiadores. No último Comunique-se - cuja festa final foi ontem - fui classificado para a final de mídia eletrônica ao lado da Mirian Leitão e do Carlos Alberto Sardenberg. No ano passado fui finalista, ao lado do Joelmir Betting e da Mirian Leitão. Presumo que isto explique a notória especialização: ser considerado pelo voto da categoria como um dos quatro jornalistas econômicos de mídia eletrônica mais reconhecidos do país.
Tenho mais uma extensa relação de prêmios, que é de conhecimento do Marcelo Beraba, da Cida Damasco, do Ary Schneider e do dr. Ruy Mesquita. Mais informações sobre minha carreira e minha reputação poderão ser obtidas também com Rodrigo Mesquita, Ruy Mesquita Filho. Poderão falar dos cadernos Seu Dinheiro e Jornal do Carro que leguei para o Jornal da Tarde, por exemplo.
- Quais parâmetros e justificativas usados para os valores cobrados nesse contrato (do processo 2201/2010) e nos demais?
Mesmos valores de contrato recente meu com o Canal Rural - emissora de cabo - e com os valores pagos pela Globonews a seus profissionais.
O repórter sonega a informação de que meu contrato de comentarista obedeceu às mesmas bases do Globonews com seus comentaristas e às mesmas bases do contrato que mantive com o Canal Rural.
Mais uma vez o Estadão publica uma não-matéria. Não me surpreenderia se saísse em outro veículo. No Estadão, me surpreende negativamente, pois julgava que restassem resquícios de jornalismo nele.
Sobre jornalistas
Anos atrás, quando me preparava para lançar o livro "O jornalismo dos anos 90", o atual diretor da sucursal do Estadão em Brasília, Rui Nogueira, escreveu-me algo ansioso, pedindo para ler antecipadamente os originais. Enviei.
No email, dizia-me do ambiente da sucursal da Folha nos anos 90, de como eu criticava os abusos - mesmo trabalhando no próprio jornal -, de como a sucursal toda vez tentava me pegar (várias matérias contra mim na própria Folha). Falava-me do seu arrependimento quando caiu a ficha de que minhas críticas estavam corretas e visavam defender o jornalismo. Depois, dizia-me que as críticas ajudaram no seu próprio amadurecimento jornalístico após a constatação de que eu estava correto em investir contra esse tipo de jornalismo que encontrava qualquer álibi para fuzilar adversários.
De lá para cá, muita água rolou. Rui passou pelo Primeiro Leitura, foi sócio, acompanhou os problemas da revista, enviou propostas ao Palácio Bandeirantes, na tentativa de manter a revista em pé e conseguiu resolver uma série de passivos que a revista tinha com a Prefeitura de São Paulo e fornecedores. Nunca indaguei como saiu do sufoco das dívidas remanescentes. Mas fiquei solidário por conhecer, na pele, as dificuldades de tocar empresas jornalísticas pequenas.
Voltou ao jornalismo diário, assumiu a direção da sucursal de Brasília do Estadão e escreveu para o jornal uma resenha do livro "O país dos petralhas", de seu ex-sócio Reinaldo Azevedo, recomendando que fosse adotado pelas cadeiras de ética das Universidades. E, agora, retoma o mesmo modelo da Folha. Identifica um inimigo e usa qualquer arma para atingi-lo, inclusive transformar uma informação corriqueira em escândalo. O mesmo esquema anterior do qual participou, abjurou e voltou a fazer.
De Beraba, me pergunto qual seria a posição do melhor ombudsman que a Folha já teve, ao analisar a não-matéria do Estadão. O que diria da sonegação da informação de que o contrato obedeceu às mesmas bases da Globonews e do Canal Rural? Ou da explicitação, na própria matéria, de que o motivo de sua publicação foi minha suposta participação no movimento contra os abusos da mídia? Como explicaria uma não-matéria sendo transformada em escândalo?
Do Leandro Colon, pouco a observar. Faz parte do grupo de repórteres dos quais os jornais se valem, quando pretendem acertar contas com alguém.
Nesses tempos de cólera, esperava-se apenas que jornalistas experientes, com biografia, zelassem pelo bom jornalismo e pela reputação não apenas dos veículos em que trabalham, mas da sua própria reputação.
(Agora acredito que as coisas ficaram mais esclarecidas.)

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