sábado, 10 de julho de 2010

A felicidade humana e suas mortes



Por que as pessoas riem? Por que nós sentimos, mesmo que brevemente, a felicidade? Tenho pensado que a felicidade é um mal. Uma merda!
Deixe-me tentar explicar minhas perguntas, além dessa última afirmação. O sorriso, no geral, é reflexo de algum momento feliz. A felicidade, na imaginação humana, é a união de alguns sentimentos que trazem alegria profunda ou até contentamento. Dito isso, vou me ater a um dos sentimentos que fazem parte do misto que chamamos felicidade. A esperança.
Esse sentimento que chamamos esperança é altamente viciador. Qualquer dose, por menor que seja, nos torna, confiantes, fortes, sorridentes e amorosos. Somos tomados por uma certeza tão avassaladora, que embora a realidade seja diferente do que desejamos, a esperança transforma em mera ilusão.
Nós, no decorrer da história “humana”, construímos, criamos, armazenamos entre outros tantos “amos”, e ainda assim, somos a espécie que, embora dotada de consciência, comete as maiores atrocidades. Nenhum animal irracional teria coragem, - se essa é uma palavra que lhes cabe - de praticar os atos monstruosos que temos lido terem sido praticados contra a jovem modelo Eliza.
Essa história do goleiro Bruno com a jovem Eliza Samudio é mais uma das tantas provas de que a humanidade não merece a vida. Ela, louca para ser famosa e ter dinheiro. Ele, louco para continuar famoso sem perder nenhum centavo. Ela ludibriada pelo sonho de ser amada, e ele, entorpecido pelo sentimento de ser cada vez mais amado e idolatrado por todos. Ambos cometeram erros terríveis ao acreditarem nas fábulas contadas pela idéia de sucesso.Se deixaram levar pelo utópico sentimento de que ter alguma coisa, é princípio básico para ser.
Nietzsche perguntou: “Quais as relações entre a veracidade, o amor, a justiça e o mundo verdadeiro?” E respondeu: “Não existe nenhuma!” Já nós, que vivemos em busca da humanidade inexistente, quando não encontramos solução lógica para as mazelas causadas pela nossa animosidade, procuramos um acalanto na esperança . Em realidade, penso que a esperança é um argumento, mais do que uma palavra ou um sentimento, para continuarmos com os olhos fechados; para continuarmos cegos.
O goleiro Bruno e seus comparsas, se forem culpados, são prova de que nosso desejo de humanidade mais uma vez naufragou nos mares da ilusão. Somos projetos de seres humanos. Esses senhores foram, e são, a escória humana.
As Elizas que hoje existem, são tão humanas quanto a que foi barbaramente torturada e assassinada. Já a sociedade? Se não condenar o “humano” assassino, só provará que a podridão do machismo e da arrogância, continuará incrustada no nosso conceito de evolução, que se esconde atrás de sorrisos ridículos e fugazes. Estamos cada vez mais perto de entender que se o dom da vida tivesse qualquer tipo de consciência, estaria extremamente triste de ter sido dada a seres tão pequenos e tão humanos quanto nós.
Espero que essa “esperança de um dia melhor” sirva para alguma coisa. Prometo que só rirei um dia, se, e somente se, Bruninho (o filho) tentar, e conseguir, ser menos humano do que os pais foram e do que todos somos.

1 COMENTÁRIOS AQUI:

Anônimo disse...

Sim meu caro Joubert, muito interessante as refelxões humanistas que estão presentes no seu texto!! Sem dúvida, a nossa dita sociedade vem carecendo, e muito, de valores humanos, de remodelação desses tais padrões de felicidade que um dia elegeram como "certos", pois a depender o reverso da medalha, cada qual, ao seu modo, vem fazendo TUDO e por tudo, para ter a sua anunciada "felicidade, quando os valores estão em constante mudança nos nossos dias. O degradante em tudo isso é perceber que na ânsia do "ser feliz", do ter para ser, o que vem acontecendo é o afastamento daquilo que realmente inerente ao HOMEM - humanidade! , porque, sem dúvida, Desde quando
partimos das cavernas para seguir a vida evoluindo, creio que tudo que o homem conseguiu foi "involuir"...casos como do Bruno e da Eliza, quadros dramáticos como esses, infelizmente, continuarão a existir enquanto o mundo continua a eleger o dinheiro, o sucesso, a fama, todos como ingredientes do que seja o padrão de felicidade.
Pobre de nós!!
...Bem, de todo modo, vou seguir apostando, mantendo a esperança que, em um dado momento, essa "cegueira coletiva", tão bem posta pelo nosso saudoso Saramago desapareça dos nossos dias.

Grande abraço e sempre será e é bem vindo no nosso Taxicidade, que aqui convido a todos a lerem :

http://taxicidade.wordpress.com

Andréa Menezes

 

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