sábado, 7 de maio de 2011

E o dia das mães?

Não sou apaixonado pela data constituída pelo comércio para homenagearmos nossa mãe. Contudo, todas as vezes que alguém menciona mãe, me vem à mente o poema de Mário Quintana: (Espero que gostem)

Mãe...São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o céu tem três letras
E nelas cabe o infinito
Para louvar a nossa mãe,
Todo bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do CÉU
E apenas menor que Deus!

A mãe de hoje, a de ontem, a de sempre


Maria Stella de Azevedo Santos
É comum dizermos que dia das mães é todo dia, mas é muito bom termos um dia especial, em que todos podem e devem fazer uma homenagem mais específica àquelas que não só proporcionam o maior dom – o da vida, como também dedicam uma grande parte de seu tempo e energia para, numa vigília constante, tentar formar cidadãos de verdade.
Pelas razões anteriormente descritas, é que em nossa prática religiosa, Culto aos Orixás, é fundamental que comecemos o dia louvando as mães. No meu caso, em que minha mãe cedo partiu para o Orún (mundo dos ancestrais), digo: “Yiá mi, ki tobi mi, ló jó, gbà mi lóni efiedeno” = “Minha mãe, que me deu nascimento e educou, mas que já se foi, proteja-me neste dia, tenha paciência comigo”.
E elas precisam ter paciência mesmo! Como sabiamente diz o povo: “uma mãe é para cem filhos, mas cem filhos não são para uma mãe”. Imaginemos, então, uma mãe de quinhentos filhos. Impossível?… Não! Assim são algumas Iyalorixás, termo que na língua yorubana significa Mãe de Orixá, comumente denominada de Mãe de Santo. Nunca é demais lembrar que Orixá é a Essência Divina de cada um de nós.
Uma pessoa é Iyalorixá porque através de rituais religiosos é capaz de trazer esta energia para se manifestar no Aiyé – a Terra. Dizem que mãe é tudo igual. Isto pode até parecer verdade. Um olhar mais apurado, no entanto, identifica as características individuais que elas possuem, tanto no mundo espiritual, como no humano. No geral, toda mãe é doadora, mas a vida também nos mostra mães que jogam seus filhos no lixo, que os colocam para roubar, fazendo deles veículos para sustentar seus vícios físicos e morais.
Estes comportamentos, que nos parecem monstruosos, servem para mostrar que não somos capazes de compreender mais profundamente os mistérios da vida e que não podemos julgar o que não compreendemos. Só nos resta, diante de tais fatos, fazermos exercícios diários de compreensão, perdão e pedidos ao Superior, no sentido de nos dar condições para, através do auto-aperfeiçoamento, sermos capazes de estimular as pessoas que cometem tais atos a buscarem uma evolução maior.
A diversidade do comportamento maternal nos é mostrado através dos mitos das Àyabás – orixás femininos. Nanã simboliza a mãe que deposita uma expectativa nos filhos e que se aborrece quando esta não é correspondida. Iyemanjá é a mãe rigorosa, é ela a responsável por orientar a conduta de sua descendência. Oxum, a delicada, que com ”dengo” se ocupa dos aspectos físicos das crianças, ensina comportamentos de higiene e aparência social, valor de extrema importância, pois a vaidade física facilita toda e qualquer conquista. Yansã é a guerreira, aquela que ao precisar sair para a luta diária deixa um par de chifres de búfalo com seus filhos, para que possam chamá-la a qualquer momento para socorrê-los; quando isso acontece, ela chega rápida como o vento – Oyá tètè (Yansã vem rapidamente).
Chegamos à sacralidade da palavra mãe, que representa o cuidar do outro como uma parte de si. É amor no sentido mais belo da palavra. Uma criança aceita tudo, menos que xingue sua mãe, ela é sagrada, ela é amor. Também, quando somos cuidados com esmero por outra pessoa, dizemos que ela é uma mãe para nós. Nada mais justo, então, que louvemos da forma que a cultura de cada um pede, aquelas que sacralizaram seu ventre ao gerar uma criança.
Temos o dever de guardar em nosso coração um lugar de gratidão por todas as mães vivas, demonstrando este amor com palavras ou atitudes, a fim de que a graça da maternidade as faça felizes e dê força e energia para enfrentar e vencer com dignidade a nobre tarefa que lhes foi confiada. Como diz a tradição oral: “Filhos criados, trabalhos dobrados”. Quanto às mães que nos anteciparam na partida, nunca devem ser esquecidas, pois temos certeza de que não apenas foram, mas que continuam sendo as guardiãs dos frutos que geraram. A alegria maior de toda mãe, além de receber presentes e carinhosos abraços e beijos, é saber que o fruto de seu ventre está feliz e é capaz de transmitir esta felicidade para todos.
Maria Stella de Azevedo Santos é yialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá

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