sexta-feira, 1 de abril de 2011

Viva Bethania!


Ricardo Galuppo - Diretor de redação do Brasil Econômico
É impressionante como, no Brasil, há pessoas que falam do que desconhecem com autoridade e condenam quem não merece sem demonstrar a menor culpa. Digo isso a propósito das críticas chauvinistas atiradas contra Maria Bethania - que foi, é e continuará sendo uma das maiores cantoras do Brasil.
Pois bem: num determinado momento, Bethania teve a ideia de um projeto cultural da maior relevância. Queria fazer um blog ou algo parecido para declamar poesia.
Não queria divulgar sua própria obra - porque disso ela não precisa. Queria ajudar a popularizar nomes como o de Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Manuel Bandeira e outros gênios iluminados, mas nem sempre reconhecidos.
Talvez assim a voz marcante de Bethania, que é tão linda falada quanto cantada, aumentasse o interesse das pessoas pela poesia - dando projeção a uma forma de expressão cultural que muita gente não valoriza por puro desconhecimento.
Bastou que o Ministério da Cultura autorizasse a captação dos recursos para que os fundamentalistas do atraso caíssem sobre Bethania com fúria de talibã. É triste.
Para começar, o valor do projeto, R$ 1,3 milhão, não sairia diretamente dos cofres públicos. Sairia de empresas que, em troca, deixariam de recolher parte de tributos federais.
Cá entre nós: quem se der o trabalho de fazer algumas continhas simples, sem o ranço moralista dos arautos das trevas, verá que o dinheiro - cerca de R$ 108 mil por mês - pode ser até insuficiente. A ideia é produzir 365 vídeos de Bethania declamando (ou seja, pouco menos de R$ 3.570 por gravação).
Ninguém está falando aqui de alguém sentado em frente a uma webcam, lendo poesia via Skype e postando o vídeo no Youtube. O que está sendo proposto são vídeos dirigidos por profissional consagrado, gravados com equipamentos de qualidade e com cuidados de produção que ajudarão a eternizar autores de grande importância.
Entre as rubricas aprovadas pelo ministério está, por exemplo, o valor de R$ 24 mil por 12 meses de assessoria de imprensa - o que dá R$ 2 mil por mês. O valor é inferior ao piso salarial dos jornalistas de São Paulo.
Bethania não deve ligar para as críticas. Deve, sim, tocar o projeto adiante e, para essa gente, declamar os versos do grande Mário Quintana: "Eles passarão, eu passarinho!

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