quarta-feira, 2 de março de 2011

Nobel da Paz é demitido de banco

Muhammad Yunus (arquivo - AFP)
Yunus venceu o Prêmio Nobel da Paz em 2006
Muhammad Yunus, fundador do banco Grameen de microcrédito e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2006, foi demitido do banco que criou.
"O Banco de Bangladesh está liberando Yunus de suas atividades como gerente-diretor do banco Grameen", disse Muzammel Huq, presidente do Grameen, à BBC.
De acordo com correspondentes, a demissão de Yunus é consequência de uma longa desavença com o governo de Bangladesh. Ele se desentendeu com o primeiro-ministro bengalês, Sheikh Hasina, em 2007, quando tentou estabelecer um novo partido no país.
O governo bengalês é dono de 25% das ações do Grameen, o banco pioneiro no conceito de microcrédito, fazendo pequenos empréstimos a pessoas pobres, que geralmente não tinham seus pedidos aceitos por bancos tradicionais. Este esquema se multiplicou no mundo todo.
Aposentadoria
O Banco de Bangladesh informou que Yunus desrespeitou as leis de aposentadoria do país ao permanecer na direção do Grameen muito além da idade obrigatória de aposentadoria, que é de 60 anos. Yunus tem 70 anos.
Muzammel Huq também informou que Yunus não conseguiu a aprovação necessária do Banco de Bangladesh quando foi indicado para o cargo de diretor-gerente do Grameen em 1999.
"O estatuto do banco Grameen determina claramente que o diretor-gerente deve ser indicado pela diretoria com aprovação do Banco de Bangladesh", disse.
Huq afirmou ainda à BBC que já foi enviada uma carta do banco central para o Grameen ordenando a saída de Yunus do cargo.
"O mais importante diretor do banco ocupará automaticamente o cargo de diretor-gerente (interino). Vou convocar uma reunião da diretoria em breve e logo um comitê será formado para indicar um diretor-gerente (permanente)."
Difamado
Uma porta-voz de Yunus informou que uma declaração oficial será divulgada ainda na quarta-feira.
Correspondentes afirmam que a demissão dele do banco Grameen não deverá ser bem recebida internacionalmente.
Um grupo de instituições de caridade liderado pela ex-presidente da Irlanda Mary Robinson defendeu Yunus em janeiro, afirmando que ele foi injustamente difamado pelo governo de Bangladesh.
O grupo chamado Amigos do Banco Grameen afirmou que Yunus foi submetido a ataques "agressivos" e a uma campanha "orquestrada entre políticos".
Em dezembro, o primeiro-ministro Sheikh Hasina acusou Yunus de tratar o Banco Grameen como "propriedade particular" e acusou que o banco estava "sugando o sangue dos pobres".
O governo bengalês estabeleceu um comitê em janeiro para analisar os negócios do banco em meio a boatos de que poderia assumir o controle do Grameen.
Ao mesmo tempo, um documentário de televisão alegou que o dinheiro de ajuda foi transferido irregularmente de uma parte do banco para outra na década de 90.
O banco negou todas as acusações.


Fonte: BBC Brasil

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