Thorsten Schmidtkord: Caras ao contrário

publicado em artes e ideias por Tiago Vargas em 5 fev 2011

Brincar com uma imagem imutável em nossa concepção e lhe atribuir um significado analítico relacionado com a humanidade são as diretrizes do trabalho “Head on top”. Encanto e reflexão em uma imagem.

O corpo humano sempre foi objeto de fascínio para o espectador, seja pela sua maestria funcional, seja pelo deleite visual. Médicos, professores de educação física, religiosos, fotógrafos, todos humanos sem exceção admiram o corpo humano por algum ou todos estes motivos. Todavia, quando um cara como Thorsten surge apresentando uma nova visão desta obra-prima - mais especificamente, o rosto humano - nossos olhos são atraídos como crianças tentando compreender algo até então desconhecido.

Thorsten Schmidtkord é um germânico nascido em 1970 que trabalha desde os seus 25 anos com fotografia. Atuando em agências de publicidade, revistas e empresas de comunicação corporativa, Thorsten está se especializando na arte de fotografar pessoas, o que condiz muito com um de seus trabalhos: o “Head on top”. Basta olhar uma das fotos que todo o significado do mesmo será entendido facilmente.

Este trabalho conta com a significante ajuda da manipulação digital, onde Thorsten inverte as características estruturais da face em um ângulo de 360º graus e faz a boca de seu modelo desaparecer.

O que torna este trabalho visualmente tão interessante é a modificação daquilo que, em nossa concepção, é algo imutável. Não importa quantos rostos diferentes vimos em um dia de nossas vidas: a forma é a mesma. Independente se belo ou feio, comprido ou largo, o rosto humano é aquilo que conhecemos desde sempre. Uma imagem sedimentada com vigor em nossa mente.

Estar em frente a esse trabalho de Thorsten é romper uma concepção estrutural, e é justamente nesta quebra que surge o prazer diante do seu trabalho - um prazer que depois se torna admiração.

A mensagem que acompanha a exposição das fotos em seu site revela que, além da brincadeira visual, existe uma mensagem bastante perspicaz: as partes do corpo ilustram a troca da voz (boca) pelo cérebro e, desta forma, criamos uma nova concepção do homem. Os resultados dessa mudança ficam na imaginação do espectador, que com certeza faz várias reflexões sobre o ato de pensar e de falar e o que essencialmente nos caracteriza como humanos e racionais.