MARINA GANHOU PERDENDO

Esse é um texto que publiquei no blog de Luis Nassif entre o primeiro e o segundo turno. Para os que não leram se quiserem o faça agora.

Chamam de onda verde aquilo contribuiu para que houvesse segundo turno nas eleições presidenciais aqui no Brasil. Ouso não classificar isso de onda verde. Chamo de outra coisa, que não tem nada a ver com a cor verde.
A candidata Marina trabalhou arduamente para chegar ao segundo turno, embora tivesse convicção, ainda que reprimida, de que serviria simplesmente como ponte para José Serra ocupar essa posição. Deixou-se levar pelo orgulho de ser usada pela grande mídia, e quando poderia usar esse espaço para apresentar um discurso mais encorpado, limitou-se a comentar os factóides criados e inflados pela mídia tendenciosa.
Os discursos, nessa eleição, foram superficiais e simplórios. O eleitor, na sua grande maioria, votou levando em consideração as acusações e não as propostas dos candidatos. Nesse imbróglio de ideologias e princípios mais verbais do que reais, vejo como destaque a falta de inteligência de alguns candidatos, e dos seus marqueteiros, em tentar repetir fórmulas pouco engajadas e desprovidas de uma politização mais transparente.
É evidente que Dilma errou ao acreditar que dando maior destaque as conquistas econômicas, ganharia a eleição no primeiro turno. Errou também ao não politizar seu discurso, confiando que a popularidade do presidente Lula seria um fator esmagador em relação aos adversários. Já José Serra, além do fato de manter um discurso fraco e sem substância, errou ao aceitar representar o PSDB nessa eleição, quando na realidade, pelo que tudo indica, Aécio Neves seria um candidato que daria bem mais trabalho aos governistas. Outro erro bem claro na campanha de Serra é o fato de seu candidato a vice ser arrogante, precipitando e sem profundidade política. Afirmam que Dilma foi inventada por Lula, se isso foi um erro, não menos errado é o fato de Índio da Costa ter sido criado pelo candidato Tucano.
Já Marina, que ganhou com o fato de ser eleita a garota da mídia nas duas últimas semanas, acertou em relação ao seu vice. Acertou também ao fazer uso expressivo do twitter e convocar seus eleitores a convencer seus amigos e parentes de que suas propostas eram as mais viáveis. Mas, a pergunta é: que propostas? Com um discurso superficial e perdido, esqueceu-se dos seus princípios e deixou-se balar pela onda verde criada pela mídia. Uma onda, que como já disse, não tinha nada de verde. A cor da onda era preta, representando a escuridão das idéias e a falta de capacidade em apresentá-las.
Na tentativa de parecer defensora de um Estado laico, embora sua consciência religiosa sofra constantes ataques, por vezes, escondeu-se atrás de possíveis plebiscitos para não se posicionar em relação a algum tema mais controverso.
Ganhou, perdendo, quando recebeu votos que sabia terem sido produtos de uma campanha difamantória contra a candidata governista. Governo esse, que até outro dia a própria Marina fazia parte. Perceber-se produto da grande e velha mídia que acintosamente insuflou fatos, alguns dos quais com pouca ou nenhuma relevância, com o objetivo de acertar outro alvo, e ainda assim, aceitar, serve para mostrar o desespero, e a incapacidade de alguns candidatos em apresentar propostas que servem a um Brasil com proeminência mundial.
A verdade, a meu ver, é que embora tenha sido bom para o exercício da democracia esse segundo turno, nós perdemos com o fato da mídia continuar sendo o principal personagem. Não me refiro aqui a mídia que se esforça para ser imparcial, faço referência a mídia que ser esforça em parecer imparcial, quando na realidade distorce os fatos em função dos seus interesses econômicos. A grande e velha mídia está com os dias contados, porém, esses são ainda muitos dias.

Fonte:

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