quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PRAIA

Naquela noite escura eu cheguei à dita bela praia-do-profundo.
Depois de longa caminhada deparei-me com a brisa obscura da noite.
Parei, consternado com toda aquela frieza,
Talvez procurando encontrar a dita beleza
Que alegraria meu sonolento sentimento e me faria acalentado ou menos triste.
As águas daquele mar não se me apresentavam límpidas, nem tampouco vívidas.
Mas eram quase mortas, quase turvas, sem brilho.
Por alguns - aparentemente eternos segundos - procurava já quase sem esperança a beleza não vista.
O vento frio daquela noite cortava a minha pele e me traspassava a cada minuto.
De repente, surge bem distante uma bela figura de mulher, que com passos calmos vem em minha direção, aproximando-se com um brilho no olhar.
Ao me encontrar, aconselha-me sem displicência, quase ternamente a me aquecer. Trazendo-me lenhas de esperanças, ela se utiliza duma técnica a mim desconhecida para acender o fogo na noite.
Depois com um múrmuro,
Quase uma bafagem,
Ela me convida a sentar.
Sento-me quase transparente.
E sinto o calor de outrora esquecido.
Naquelas, areias de lembrança,
Deito-me e adormeço. Adormeço tão profundamente.
Sem culpa, sem medo...

Quando o sol nasce,
O acordar talvez perdido aconteça.
E acontece tão repentinamente que me levanto aturdido.
Procuro sem êxito algum a figura bela daquela mulher.
Não encontro, nem tampouco encontro o fogo que me aquecia na noite...
Quando olho na distância percebo que minha alegria, meu alento, meu calor, meu – por alguns segundos – amor, se distancia mais e mais.
Perituro e já sem esperança
Eu vejo a praia-do-profundo e me assombro com a beleza que ainda não tinha visto.
Tudo nela é belo!
Tudo belo, toda bela!

O calor do sol agora me aquece
E o único ponto negro naquela praia
São as cinzas das lenhas que me aqueceram na noite passada...

0 COMENTÁRIOS AQUI:

 

Fala Particular Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger